opinião

OPINIÃO: Caminhos de mim

Caminhos de mim é mais do que a apresentação da minha trajetória acadêmica. Caminhos de mim me revela, me desvenda, me desnuda. Dia 9 de novembro foi mais um dia especial, dos tantos que vivi. Defendi minha produção acadêmica, a trajetória que escolhi traçar na UFSM. Sou uma professora extensionista. Adoro o trabalho com a comunidade. Adoro o trabalho com curso de graduação. Me dediquei, quase exclusivamente à formação básica. Me preocupei em inspirar, motivar e ensinar com jeito próprio. Escolhi uma trajetória além do lattes, plataforma muito valorizada na academia, a mim gera cansaço. Nela cabem tantas produções social e ambientalmente controversas, diferente de minhas buscas e dos meus fazeres.

Trabalhei, me esforcei, renunciei, conquistei. Tive uma trajetória abençoada. Cresci em uma família que priorizou a educação. Mesmo com as limitações de pequenos comerciantes, estudei no Colégio Centenário. Me esforcei muito para demonstrar que o investimento valia a pena. Pai, mãe, acredito que não lhes poupei orgulho. No Centenário, recebi a melhor formação, educação de vanguarda. Em sala de aula, todos os assuntos eram tratados, inclusive sexo. A formação ampla alargou a visão do meu papel social. Estudei em uma universidade pública, fruto da visão empreendedora do prof. Mariano da Rocha. Certamente, decisiva para que eu tivesse diploma universitário e, anos depois, me tornasse professora da instituição. Tive uma sogra iluminada, que, quando a situação complicou, após o falecimento do Rogério, me aconselhou a abandonar as massas caseiras, os fios de ovos, as tortas e fosse estudar, pois era isso o que melhor eu fazia.

Este contexto mostrou que minha trajetória tinha que ir além da sala de aula e dos laboratórios de química. Era necessário materializar minha gratidão a todos, ao que recebi e aprendi. Me dediquei a trabalhar em prol do meio ambiente, sem o qual não há vida, não há água, tampouco igualdade social. Tratei meus alunos como se meus filhos fossem, ensinando sem preconceitos. Ensinei cidadania, respeito ao outro, ao coletivo. Assim, dedico esta trajetória a todos que me acompanharam nesta caminhada. Dedico, em especial, aos meus filhos e às minhas netas. Trabalhem, lutem por um mundo mais justo em que todos tenham iguais oportunidades de crescer e despontar. Neste memorial certamente faltaram produções científicas, mas sobraram sorrisos, abraços apertados, palavras sem rodeio, sinceridade, palavras com afeto, lágrimas, muitas lágrimas, perfume, cabelos coloridos, coração e coração, amor, muito amor, entrega, paixão, inspiração, olhar transparente, responsabilidade, incentivos.

Esta sou eu, que durante estes 10 anos e por outros 10, quem sabe mais 10, vou de 10 em 10 escrevendo minha história, os caminhos de mim. Buscando sempre crescer e inspirar da melhor forma. Quando estes propósitos deixarem de ocorrer, a trajetória há de ter chegado ao fim.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

OPINIÃO: A cidade arborizada Anterior

OPINIÃO: A cidade arborizada

OPINIÃO: A igreja e os jovens Próximo

OPINIÃO: A igreja e os jovens

Colunistas do Impresso